A fermosura desta fresca serra
E a sombra dos verdes castanheiros,
O manso caminhar destes ribeiros,
Donde toda a tristeza se desterra;
O rouco som do mar, a estranha terra,
O esconder do sol pelos outeiros,
O recolher dos gados derradeiros,
Das nuvens pelo ar a branda guerra;
Enfim, tudo o que a rara Natureza
Com tanta variedade nos oferece,
Me está, se não te vejo, magoando.
Sem ti, tudo me enoja e me aborrece;
Sem ti, perpetuamente estou passando
Nas mores alegrias, mor tristeza.
Luís de Camões
1. Identifique o tema deste
soneto e mostre como se processa o seu desenvolvimento.
2.
Estabeleça o relacionamento
eu/natureza patente no texto.
3.
Analise a estrutura formal do
texto.
4.
Aponte os recursos
estilísticos mais relevantes, exemplificando.
5.
Refira as principais
características da corrente literária em que se insere a composição poética.
TÓPICOS DE CORREÇÃO
1.
Amor/saudade
. Felicidade=presença da
amada
1.ª parte – 1.ª e 2.ª
estrofes: natureza harmoniosa, propícia ao amor.
2.ª parte – 3.ª e 4.ª
estrofes: irrelevância da beleza natural, sem a mulher amada.
2.
Eu = Natureza = Harmonia:
presença da mulher amada.
Eu # Natureza = conflito:
ausência da amada (“Sem ti, tudo m’enoja e m’avorrece”)
3.
Forma poética fixa: catorze
versos distribuídos por duas quadras e dois tercetos, verso decassilábico, rima
cruzada e emparelhada (abba/abba) e interpolada (cde/cde)
4.
Enumeração = “fermosura…
sombra…caminhar…” etc.
Adjectivação valorativa = “fresca
serra”, “verdes castanheiros”, “rouco som do mar”, etc.
Anáfora = “Sem ti…Sem ti…”
Antítese = “mores alegrias,
mor tristeza”
5.
Classicismo = Imitação dos
clássicos, procura do equilíbrio.
= Natureza – “locus amoenus”
= Mulher – ser divino, inatingível
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