sábado, 9 de fevereiro de 2013


A fermosura desta fresca serra




A fermosura desta fresca serra
E a sombra dos verdes castanheiros,
O manso caminhar destes ribeiros,
Donde toda a tristeza se desterra;

O rouco som do mar, a estranha terra,
O esconder do sol pelos outeiros,
O recolher dos gados derradeiros,
Das nuvens pelo ar a branda guerra;

Enfim, tudo o que a rara Natureza
Com tanta variedade nos oferece,
Me está, se não te vejo, magoando.

Sem ti, tudo me enoja e me aborrece;
Sem ti, perpetuamente estou passando
Nas mores alegrias, mor tristeza.

Luís de Camões


1. Identifique o tema deste soneto e mostre como se processa o seu desenvolvimento.
2.   Estabeleça o relacionamento eu/natureza patente no texto.
3.   Analise a estrutura formal do texto.
4.   Aponte os recursos estilísticos mais relevantes, exemplificando.
5.   Refira as principais características da corrente literária em que se insere a composição poética.


TÓPICOS DE CORREÇÃO

1.   Amor/saudade
. Felicidade=presença da amada
1.ª parte – 1.ª e 2.ª estrofes: natureza harmoniosa, propícia ao amor.
2.ª parte – 3.ª e 4.ª estrofes: irrelevância da beleza natural, sem a mulher amada.

2.   Eu = Natureza = Harmonia: presença da mulher amada.
Eu # Natureza = conflito: ausência da amada (“Sem ti, tudo m’enoja e m’avorrece”)
3.   Forma poética fixa: catorze versos distribuídos por duas quadras e dois tercetos, verso decassilábico, rima cruzada e emparelhada (abba/abba) e interpolada (cde/cde)
4.   Enumeração = “fermosura… sombra…caminhar…” etc.
Adjectivação valorativa = “fresca serra”, “verdes castanheiros”, “rouco som do mar”, etc.
Anáfora = “Sem ti…Sem ti…”
Antítese = “mores alegrias, mor tristeza”
5.   Classicismo = Imitação dos clássicos, procura do equilíbrio.
                 = Natureza – “locus amoenus”
                 = Mulher – ser divino, inatingível



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