A «fermosura» de Lianor pode, a todo o momento, ser assaltada
pelo amor. Quanto mais «fermosa» mais exposta fica aos caprichos de Cupido.
Mote
Descalça vai para a fonte
Lianor pela verdura;
Vai fermosa, e não segura.
Voltas
Leva na cabeça o pote,
O testo nas mãos de prata,
Cinta de fina escarlata,
Sainho de chamelote;
Traz a vasquinha de cote,
Mais branca que a neve pura.
Vai fermosa e não segura.
Descobre a touca a garganta,
Cabelos de ouro o trançado
Fita de cor de encarnado,
Tão linda que o mundo espanta.
Chove nela graça tanta,
Que dá graça à fermosura.
Vai fermosa e não
segura.
Tema – a exaltação da
beleza de Lionor
Como o poeta descreve a
graciosidade de Lionor:
·
hipérbole
Mais branca que a neve pura
Tão linda que o mundo espanta
Chove nela graça tanta / que dá graça à fermosura
·
metáfora
O testo nas mãos de
prata
Cabelos de ouro
Chove nela graça tanta
·
personificação
tão linda que o mundo espanta
·
adjectivação expressiva
linda, “fermosa”, não
segura, branca, pura
·
expressividade dos diminutivos
sainho de chamalote, vasquinha
de cote
·
expressividade do verbo chover (aqui transitivo)
chove nela graça tanta
·
cenário
um fundo de verdura onde é projectado o retrato; a evocação do
cenário «neve pura»
·
orações consecutivas
tão linda que o mundo
espanta
chove nela graça tanta /
que dá graça à formosura
Estrutura
Vilancete em redondilha maior (7 sílabas métricas), com mote de
três versos e duas voltas de sete versos.
Rima emparelhada e interpolada. ABB/cddccdB.
Sem comentários:
Enviar um comentário