sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013


Descalça vai para a fonte




A «fermosura» de Lianor pode, a todo o momento, ser assaltada pelo amor. Quanto mais «fermosa» mais exposta fica aos caprichos de Cupido.


Mote

Descalça vai para a fonte
Lianor pela verdura;
Vai fermosa, e não segura.

Voltas

Leva na cabeça o pote,
O testo nas mãos de prata,
Cinta de fina escarlata,
Sainho de chamelote;
Traz a vasquinha de cote,
Mais branca que a neve pura.
Vai fermosa e não segura.

Descobre a touca a garganta,
Cabelos de ouro o trançado
Fita de cor de encarnado,
Tão linda que o mundo espanta.
Chove nela graça tanta,
Que dá graça à fermosura.
Vai fermosa e não segura.


Tema – a exaltação da beleza de Lionor

Como o poeta descreve a graciosidade de Lionor:

·         hipérbole
Mais branca que a neve pura
Tão linda que o mundo espanta
Chove nela graça tanta / que dá graça à fermosura

·         metáfora
O testo nas mãos de prata
Cabelos de ouro
Chove nela graça tanta

·         personificação
tão linda que o mundo espanta

·         adjectivação expressiva
linda, “fermosa”, não segura, branca, pura

·         expressividade dos diminutivos
sainho de chamalote, vasquinha de cote

·         expressividade do verbo chover (aqui transitivo)
chove nela graça tanta

·         cenário
um fundo de verdura onde é projectado o retrato; a evocação do cenário «neve pura»

·         orações consecutivas
tão linda que o mundo espanta
chove nela graça tanta / que dá graça à formosura


Estrutura
Vilancete em redondilha maior (7 sílabas métricas), com mote de três versos e duas voltas de sete versos.
Rima emparelhada e interpolada. ABB/cddccdB.



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